Brasília, 25 de agosto de 2008.
Rafael Ayan Ferreira
Estudante de Pedagogia e técnico-administrativo da UnB
O que é uma eleição para Reitoria de universidade pública no Brasil? Bem, a princípio, uma disputa de projetos que consigam expor de forma eficaz e eficiente de que forma captar recursos para pesquisas. E só! A conjuntura da política nacional, assistência estudantil, moradia para os técnico-administrativos, melhoria das condições de trabalho dos docentes, revitalização dos laboratórios, projetos de ação contínua, tudo isso está envolto no que é uma universidade, mas mesmo assim as campanhas tendem a girar no eixo captação de recursos. Repito: e só! A mediocridade é grande mas tem explicação: a universidade pública brasileira tornou-se um feudo, reduto de relações de suserania e vassalagem entre os docentes que tem maior e menor poder.
Até a década de 80, esse poder era medido na relação que os docentes tinham com o Poder Público. Quem desse mais tapinha na costa dos parlamentares era mais cotado para a Reitoria. Atualmente, a base da medição são as fundações, mais poderosas que o MEC, que o Ministério Público, que as próprias reitorias e seus respectivos conselhos superiores. E só podemos falar em poder quando este é destinado, ou melhor, reservado a pequenos grupos. Se o poder é coletivo, tem a mesma proporção entre os entes que compõe aquele espaço, então não há sentido falar em poder, pois é vedada a exclusividade e barganha do mesmo. Nessa perspectiva, o uso do poder enquanto moeda de troca torna-se mais difícil e os interesses da instituição passam a ser o foco do debate.
O primeiro semestre de 2008 foi um marco na história política e social brasileira. Pela primeira vez na história as fundações ditas de apoio foram colocadas contra a parede e questionadas sobre suas atividades. Isso foi feito com base nas denúncias do MPDFT sobre malversação de dinheiro público por parte de Timothy Mulholland, o quase-eterno-não-docente. Mas ainda era pouco. Diante disso, os estudantes da UnB ocuparam a Reitoria e em duas semanas conseguiram a saída da antiga administração da universidade e o enrijecimento da lei sobre as fundações – o boi de piranha do MEC para camuflar a falta de investimentos na educação superior brasileira e sua subordinação às instituições de fomento a pesquisa.
Nesse momento, é hora de avançarmos na luta! A UnB entra no processo eleitoral para reitor da universidade e é óbvio que as fundações vão querer recuperar o espaço perdido com a crise e retomar o processo de privatização da universidade pública. Não podemos deixar isso acontecer. Há chapas historicamente ligadas à Timothy, às fundações e ao modelo antidemocrático de esvaziamento dos conselhos. O papel de estudantes, técnico-administrativos, docentes e todos aqueles que defendem a UnB é ir para a campanha e eleger a UnB que nós queremos!
Os professores Jorge Antunes e Maria Lúcia “Baiana” são os únicos que apoiaram o movimento de ocupação da reitoria da UnB desde o início, em abril de 2008. Não obstante, compõem a única chapa que tem como eixo ser contra as fundações e o REUNI, programa do governo federal que promove uma queda da qualidade das Instituições Federais de Ensino Superior. Contém em seus eixos programáticos a defesa da universidade transformadora, não submissa ao capital privado, com transparência na gestão dos recursos e paridade não somente na eleição para reitor bem como nos conselhos superiores da UnB. É a chapa que expõe a precariedade do trabalho dos terceirizados e exige o aumento salarial da categoria, que opta pelo fortalecimento das ações afirmativas, que combate as opressões, propõe uma expansão de qualidade e a revitalização do Conselho Comunitário presente no Estatuto. São os únicos com recorte de classe e com uma proposta ideológica condizente com o que deve ser a universidade brasileira, a serviço do povo, da construção de uma direção para a nação ao invés de projetos pessoais de banquetes homéricos e compra de mobílias “arrojadas eticamente” no valor de 470 mil reais para apartamentos funcionais.
É por isso que devemos nos juntar e eleger Jorge Antunes e Maria Lúcia “Baiana” para a reitoria da UnB. Além de competência, seriedade e responsabilidade pensam que a função da universidade não deve ser captar recursos para satisfazer grupos políticos que não mantém pesquisas socialmente referenciadas. A UnB que nós queremos é uma instituição respeitada, digna, que não merece as páginas policiais ou voltar às mãos sujas de quem a fez sangrar. É a chapa da união de estudantes e trabalhadores.
Dias 17 e 18 de setembro, votem chapa 74 – A UnB que nós queremos!
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