Ó Xente:
Já está no ar o novo jingle da Chapa 74, "A UNB QUE NÓS QUEREMOS".
É o "FORRÓ DO 74"
Dupla Antunes & Baiana
Ouça e aprenda em:
http://www.americasnet.com.br/antunes/forro74/
Abraços,
Chapa 74
Jorge Antunes
Maria Lucia Baiana
Esse é um canal das opiniões de todos aqueles que querem uma UnB plural, laica, progressista, democrática, socialmente referenciada, pública, gratuita e de qualidade. Uma UnB que valorize principalmente a criatividade,a honestidade, a clareza de ações e a tolerância de opiniões. Email de contato: antunes@unb.br
A Universidade do Futuro não é uma Utopia: há lugar para as razões sociais e humanas
A discussão da crise da universidade no século 21,concede à crise institucional, através da crise financeira, como parte de um "fenômeno estrutural" no qual tais políticas sociais assim como a educação pública perdem suas prioridades sobre bens públicos produzidos pelo Estado. A dominância da globalização neoliberal foi direcionada para a expansão do capitalismo educacional, baseado nas noções que adquirimos de uma sociedade informada. A economia, baseado no conhecimento, requer maiores habilidades e o cultivo do capital humano. Por isso, as instituições educacionais vêm servir essas idéias como uma contabilidade educacional a serem definidas pelo mercado e nele substituídas por um paradigma empresarial.
Atualmente, eis que a UnB vivencia essas armadilhas neoliberais, em função da estagnação política, institucional e administrativa consolidada em patamares inimagináveis o que legitimou uma série de práticas incoerentes com a finalidade essencial da universidade pública, gratuita e de qualidade. As denuncias de corrupção que surgiram na universidade recentemente abriram um profundo debate sobre a estrutura da instituição e também sobre a necessidade de mudanças emergenciais. O questionamento das fundações privadas seu funcionamento, a transparência e a democratização da universidade.
O movimento estudantil, assumindo seu papel estratégico ao se mobilizar e articular contra esses desmandos públicos, por meio da mobilização estudantil e a ocupação do prédio da Reitoria, dá visibilidade pública ao desmantelamento ético, político e educacional da UnB exigindo transparência e o redirecionamento político da instituição rumo à democratização participativa e a re-politização dos espaços de luta dentro da universidade.
O que veio mostrar a força do Movimento estudantil provocando, em decorrência, a abertura do diálogo com as diferentes correntes da UnB elevando o patamar do debate a processos claros de democracia participativa. Isto é tão verdadeiro que há quatro chapas disputando as eleições para reitor em setembro de 2008.
Os estudantes forçam uma posição da universidade contra as práticas anti-humanas e anti-sociais. Esta construção, dada pelo movimento estudantil, exige que a universidade do futuro esteja aliada a um projeto emancipatório de educação e de sociedade (ambos) que só será possível com uma democratização por dentro dos mecanismos de participação da UNB aliados aos projetos societários de defesa da autodeterminação dos povos e justiça cognitiva social.
Por esta via, se faz urgente desconstruir a noção de individualismo que traduz em enfrentar às violências, sobre aquelas que se pautam pela a intolerância às noções de diferenças, questionamento crítico, ou resistência a um modelo de controle que depende da forma de padronização e valores que são coniventes com as normas e relações que guiam a mercado econômico.
Estamos tratando de um universo educacional que é vocalizado pelas expectativas de inclusão e mobilidade de jovens estudantes que são previamente considerados candidatos à cidadania, que têm expectativas fundadas nisto e são bloqueados por uma relação desigual de acesso educação. Fatores sócio-econômicos ou geográficos e culturais influenciam em oportunidades iguais. Percebe-se, assim, a necessidade da luta pela educação pública igualitária em todos os níveis.
A universidade de Brasília, desde que foi criada, resiste à lógica mercantil e autoritária por meio de lutas históricas mobilizadas por estudantes, professores e funcionários. Porém, nem sempre conseguimos combater a ofensiva dos critérios de utilidade e mercantilização da universidade lucrativa que os neoliberais propõem como modelo de Política de Educação.
Nesta perspectiva, o desafio que se coloca a este processo de transição paradigmática que está vivenciando a universidade de Brasília passa pela necessidade de re-legitimar a sua própria razão de ser no espectro das ciências e das revisões do próprio “conhecimento”, no conjunto da instituição e perante as fontes de financiamento, públicas e privadas, e, em última instância, no conjunto da sociedade que as interpreta e com quem interage na produção científica e na formação, na construção de um modelo alternativo de organização universitária, no qual as mais diversas áreas do conhecimento, valências e missões possam conviver de forma fértil e desenvolver-se com a liberdade e autonomia que sempre foram pressupostos da missão da universidade.
Maria Lúcia Pinto Leal
Graduação em Serviço Social pela Universidade de Brasília (1983), Mestrado em Comunicação pela Universidade de Brasília (1992), Doutorado em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001) e Pós-Doutorado pelo Programa Pós-Colonialismos e Cidadania Global do Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra/Portugal (2008). Atualmente é Professora Adjunto II da Universidade de Brasília. Atuação em estudos e pesquisas no campo das políticas públicas e vulnerabilidades sociais tendo como foco o enfrentamento da violência, do tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças e adolescentes.
Sócia-Fundadora do Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes - CECRIA de 1993 a 1996.
Fundadora - Coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Violência, Tráfico e Exploração Sexual de Crianças, Adolescentes e Mulheres - Violes/SER/UnB desde 2002.
Sócia-Fundadora do Laboratório de Políticas Sociais e Atendimento às pessoas em situação de Vulnerabilidades - LASSOS/SER/UnB - 2007.
Participa da Coordenação Colegiada da "Rede ibero-americana de prevenção e cidadania de pessoas (mulheres, LGBT e jovens) em situação de vulnerabilidade, no contexto do tráfico e da exploração sexual-RIMA", criada em 13 de junho de 2008, no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra-Portugal.
Contato: mlucia@unb.br
Profª Patrícia Pinheiro - Departamento de Serviço Social/IH
Renan Alves, estudante de Serviço Social.
Entre em contato conosco e envie sua mensagem:
aunbquenosqueremos@gmail.com
JORGE ANTUNES é professor titular da UnB e completou recentemente 66 anos de idade. Ingressou no corpo docente do Departamento de Música em 1973. É maestro e compositor de reconhecimento nacional e internacional, sendo seu nome verbete nas mais importantes enciclopédias (Larousse, Grover's, etc), apontado como líder da vanguarda brasileira no domínio da música erudita contemporânea e como precursor da música eletroacústica no Brasil. Seu nome está registrado no Aurélio e no Houaiss, no verbete música cromofônica, como criador dessa corrente estética.
Antunes fez Pós-Doutorado nos Ateliers UPIC, de Paris, em pesquisa orientada por Iannis Xenakis e Claude Lévi Strauss. É Doutor em Estética pela Sorbonne, Université de Paris VIII. Seu Mestrado foi feito no Instituto Torcuato Di Tella de Buenos Aires, sob orientação de Umberto Eco e Alberto Ginastera. Tem três bacharelados, pela Universidade do Brasil, atual UFRJ: Física (FNFi), Composição e Regência (ENM) e Violino (ENM). Foi Pesquisador e Professor Visitante do Instituto de Sonologia da Universidade de Utrecht, Holanda, da Université de Paris VIII, Sorbonne, França, do Groupe de Recherches Musicales de l'ORTF, França, e da Universidade de Aveiro, Portugal.
Sempre teve intensa atividade cultural e política, desde os tempos de estudante no Rio de Janeiro, liderando ou participando de movimentos importantes da história recente brasileira: Greve do Um Terço (1962); Movimento Poema-Processo (1967); Movimento das Diretas, com sua famosa Sinfonia das Buzinas (1984); Hino Nacional Alternativo, na Constituinte (1988); etc.
Como administrador se projetou nos meios culturais quando foi presidente da Ordem dos Músicos do Brasil, na primeira diretoria eleita do órgão após o fim da intervenção da ditadura militar. Como ecologista foi fundador e primeiro presidente da Sociedade Amigos da Biosfera. Ganhou vários prêmios internacionais. Em 2002 recebeu o título de Cidadão Honorário de Brasília, da Assembléia Legislativa, e o título de Chevalier des Arts et des Lettres, do governo francês. É membro eleito vitalício da Academia Brasileira de Música, ocupante da cadeira nº 22. Seu catálogo inclui mais de 200 composições, escritas para as mais diversas formações: orquestra, óperas, coro, solistas, música de câmara e música eletroacústica. Suas obras são publicadas pelas mais conceituadas editoras e gravadoras internacionais. Tem 8 livros técnicos publicados e dezenas de artigos científicos em revistas especializadas. Em 2008 é pesquisador nível
1- Universidade pública, gratuita, laica, de qualidade, transformadora e libertária.
2- Criação de patrimônio intelectual de propriedade pública, sem subordinação aos interesses de mercado.
3- Gratuidade para todos os estudantes de graduação, pós-graduação e extensão.
4- Incentivo à produção teórica que abra veredas para a transformação, com subsídios à ação de movimentos e grupos sociais.
5- Transparência administrativa.
6- Contra a mercantilização da educação.
7- Contra a privatização da Universidade, contra a privatização interna que tem acontecido através das atividades de extensão, da terceirização e das fundações de apoio.
8- Autonomia universitária com financiamento público da educação.
9- Política de saúde para professores, técnico-administrativos e estudantes.
10- Política de comunicação pública para fora dos campi, com transparência de ações e socializando saberes.
11- Avaliação periódica do PDI (Plano de Desenvolvimento Institucional) como instrumento de gestão democrática.
12- Autonomia universitária, sem submissão passiva e acrítica às políticas educacionais do governo federal.
13- Questionamento permanente de eventuais instrumentos de precarização da universidade.
14- Paridade em todos os colegiados, conselhos e instâncias de decisão, eleitos paritariamente.
15- Fim das fundações privadas de apoio, com fortalecimento da FUB.
16- Fim de todas as taxas.
17- Manutenção do HUB como totalmente público, em convênios com o GDF.
18- Política pública de arte e cultura.
19- Assistência estudantil como investimento: alimentação, bolsas, moradia e assistência em todos os níveis.
20- Prevalência do mérito e da excelência no ensino, na pesquisa e na extensão.
21- Captação de recursos com transparência na arrecadação e nos critérios de alocação, ouvindo a comunidade.
22- Valorização das representações das categorias e suas entidades nos processos decisórios.
23- Diálogo entre o saber formal sistematizado e o saber popular.
GESTÃO
24- Ouvidoria participativa.
25- Assembléias semestrais dos três segmentos para avaliações conjunturais interna e externa.
26- Publicação semestral de Carta de Avaliação.
27- Plano de expansão responsável, com qualidade de infra-estrutura e de material humano.
28- Fortalecimento da Fazenda Água Limpa e da Estação Experimental, com suas produções voltadas à comunidade.
29- Rotinização e desburocratização da assistência técnica de informática e de pequenos serviços.
30- Retomada dos cursos gratuitos preparatórios para o vestibular.
31- Implantação do Conselho Social Comunitário com participação dos setores organizados da sociedade.
32- Política de desprivatização interna da educação, ampliando o projeto do CEAD (Centro de Educação à Distância, sem perda da qualidade.
33- Ampliação e redirecionamewnto do Ensino a Distância com o uso de tecnologias novas e antigas, evitando a alienação e o elitismo provocados pelo fascínio com as novas tecnologias.
34- Visibilidade para as realizações e para a produção intelectual da UnB, com implantação de um projeto de marketing.
35- Política de apoio à livre pesquisa desvinculada de exigências do mercado, com inovações e potencialidades para se forjar a sociedade futura.
36- Fortalecer o CPCE como laboratório de realizações audiovisuais e de comunicação, buscando uma uma alternativa de qualidade.
37- Revitalização da Editora da UnB, priorizando a publicação de trabalhos, CDs, DVDs e livros de autores da comunidade universitária.
ASSUNTOS COMUNITÁRIOS
38- Creche para crianças dos estudantes e dos servidores (professores e técnico-administrativos).
39- Reativação do FLAC (Festival Latino-americano de Arte e Cultura), abrangendo todos os tipos de manifestação, populares e eruditas.
40- Revitalização das potencialidades da Faculdade de Educação Física, com criação de um time de futebol da UnB e outras modalidades de esporte, com preparação de grandes competições locais.
41- Criação da Orquestra Sinfônica da UnB, com repertório que priorize a música contemporânea em geral e a brasileira em particular, com agenda que comtemple a prática de estudantes de instrumento, regência, arranjo, orquestração e composição.
42- Revitalização do C.O. e da Colina, com melhor utilização de seus recursos e potencialidades.
43- Promoção de eventos de confraternização da comunidade, especialmente os voltados às festas e tradições culturais e populares nacionais.
44- Combate permanente às discriminações de toda espécie (moral, sexual, étnica, etc).
45- Política de saúde para a comunidade universitária, aliada às potencialidades do HUB.
46- Acessibilidade ao transporte para a comunidade, através de negociação com o GDF.
47- Sustentabilidade e qualidade ambiental para os campi: acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais, geração de energia, reciclagem de água, reutilização de papel, produção de insumos para construção.
48- Exposições de artes visuais e festivais de cinema, vídeo, artes cênicas, circo, música popular, música erudita, com temáticas voltadas para os direitos humanos,. o meio ambiente, as questões étnico-raciais, o gênero, a diversidade, a infância e adolescência, articulados com a Casa de Cultura da América Latina.
49- Feiras translocais de alimentação natural e de produtos orgânicos, voltadas à dinamização de uma economia sustentável e coletiva.
50- Fomento ao intercâmbio por meio de incentivo à participação da comunidade universitária nos grandes congressos de intercâmbio cultural, acadêmico, político e social. Fortalecimento da mobilização e da articulação de redes transnacionais com a América Latina, a África e outros, com especial enfoque em temas como: migração, territorialização, tráfico de pessoas, etc.
51- Biblioteca itinerante articulada com as bibliotecas locais, de forma a socializar o acesso a todos os estudantes do DF.
52- Dinamização de projeto cultural envolvendo teatro-café-cinema, voltado ao público da UnB e ao público externo, com os fundos captados sendo revertidos para sustentabilidade do próprio projeto.
53- Revitalização do setor de Veterinária, para contribuir com uma proposta de defesa dos animais de rua e abandonados.
54- Revitalização de todos os convênios da área social e de desenvolvimento sustentável e outros, com o GDF e demais parceiros, para qualificar e ampliar as parcerias em áreas tais como: infância, mulher, idosos, economia solidária, etc.
55- Criação, no R.U. (Restaurante Universitário), de uma oficina "Bóia e Cultura", com a culinária do centro-oeste e outras, tais como a do nordeste, com uma griffe da UnB voltada à difusão de nossa cultura.
OBRAS
56- Ampliação da BCE (Biblioteca Central), com instalação de salas setoriais servidas de bibliotecários capacitados nas áreas, e implementação da Biblioteca 24 horas.
57- Reforma, ampliação e otimização do prédio do Departamento de Artes Cênicas, com instalação de salas para os professores.
58- Construção do novo prédio da FACE (Faculdade de Administração, Contábeis e Economia).
59- Construção do novo prédio do MUS (Departamento de Música).
60- Construção do novo prédio do DIN (Departamento de Desenho Industrial).
61-Construção de novo prédio para o VIS (Departamento de Artes Visuais).
62-Reforma e ampliação da CEU (Casa do Estudante Universitário), gerida com a participação direta dos estudantes: espaço, alocação, etc.
63-Criação de novos cursos de graduação e pós-graduação de caráter interdisciplinar, voltados a estudos queer, sobre imigração, feminismo, comunidades da periferia, biologia política, etc.
ESTRUTURA ACADÊMICA
64-Dinamização do CEAM como grande laboratório de interdisciplinaridade.
65-Fortalecimento do Conselho Nacional de Reitores e dos Fóruns Nacionais de Pró-Reitores.
AÇÕES DE ALCANCE NACIONAL
66-Campanha contra a terceirização e em favor dos concursos públicos para as Universidades.
67-Aumento de vagas para o quadro de professores das Universidades brasileiras.
68-Extinção da figura de Professor Substituto.
69-Nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional).
70-Aumento expressivo dos recursos públicos para a Universidade.
71-Aumentos salariais para os servidores professores e técnicos-administrativos.
72-Revisão e aperfeiçoamento dos critérios de avaliação da Capes, do CNPq e de outros orgãos de fomento, tornando-os mais voltados à qualidade e menos à quantidade.
73-Isenção de ICMS para pesquisadores utilizando o projeto Importa Fácil.
73-Inclusão de rubricas voltadas à Pesquisa Estética e Artística no FAP-DF e em outras fundações e fundos de apoio.
74- Fomento ao intercâmbio por meio de incentivo à participação da comunidade
universitária nos grandes congressos de intercâmbio cultural, acadêmico,
político e social. Fortalecimento da mobilização e da articulação de redes
transnacionais com a América Latina, a África e outros, com especial enfoque em
temas como: migração, territorialização, tráfico de pessoas, etc.
Brasília, 25 de agosto de 2008.
Rafael Ayan Ferreira
Estudante de Pedagogia e técnico-administrativo da UnB
O que é uma eleição para Reitoria de universidade pública no Brasil? Bem, a princípio, uma disputa de projetos que consigam expor de forma eficaz e eficiente de que forma captar recursos para pesquisas. E só! A conjuntura da política nacional, assistência estudantil, moradia para os técnico-administrativos, melhoria das condições de trabalho dos docentes, revitalização dos laboratórios, projetos de ação contínua, tudo isso está envolto no que é uma universidade, mas mesmo assim as campanhas tendem a girar no eixo captação de recursos. Repito: e só! A mediocridade é grande mas tem explicação: a universidade pública brasileira tornou-se um feudo, reduto de relações de suserania e vassalagem entre os docentes que tem maior e menor poder.
Até a década de 80, esse poder era medido na relação que os docentes tinham com o Poder Público. Quem desse mais tapinha na costa dos parlamentares era mais cotado para a Reitoria. Atualmente, a base da medição são as fundações, mais poderosas que o MEC, que o Ministério Público, que as próprias reitorias e seus respectivos conselhos superiores. E só podemos falar em poder quando este é destinado, ou melhor, reservado a pequenos grupos. Se o poder é coletivo, tem a mesma proporção entre os entes que compõe aquele espaço, então não há sentido falar em poder, pois é vedada a exclusividade e barganha do mesmo. Nessa perspectiva, o uso do poder enquanto moeda de troca torna-se mais difícil e os interesses da instituição passam a ser o foco do debate.
O primeiro semestre de 2008 foi um marco na história política e social brasileira. Pela primeira vez na história as fundações ditas de apoio foram colocadas contra a parede e questionadas sobre suas atividades. Isso foi feito com base nas denúncias do MPDFT sobre malversação de dinheiro público por parte de Timothy Mulholland, o quase-eterno-não-docente. Mas ainda era pouco. Diante disso, os estudantes da UnB ocuparam a Reitoria e em duas semanas conseguiram a saída da antiga administração da universidade e o enrijecimento da lei sobre as fundações – o boi de piranha do MEC para camuflar a falta de investimentos na educação superior brasileira e sua subordinação às instituições de fomento a pesquisa.
Nesse momento, é hora de avançarmos na luta! A UnB entra no processo eleitoral para reitor da universidade e é óbvio que as fundações vão querer recuperar o espaço perdido com a crise e retomar o processo de privatização da universidade pública. Não podemos deixar isso acontecer. Há chapas historicamente ligadas à Timothy, às fundações e ao modelo antidemocrático de esvaziamento dos conselhos. O papel de estudantes, técnico-administrativos, docentes e todos aqueles que defendem a UnB é ir para a campanha e eleger a UnB que nós queremos!
Os professores Jorge Antunes e Maria Lúcia “Baiana” são os únicos que apoiaram o movimento de ocupação da reitoria da UnB desde o início, em abril de 2008. Não obstante, compõem a única chapa que tem como eixo ser contra as fundações e o REUNI, programa do governo federal que promove uma queda da qualidade das Instituições Federais de Ensino Superior. Contém em seus eixos programáticos a defesa da universidade transformadora, não submissa ao capital privado, com transparência na gestão dos recursos e paridade não somente na eleição para reitor bem como nos conselhos superiores da UnB. É a chapa que expõe a precariedade do trabalho dos terceirizados e exige o aumento salarial da categoria, que opta pelo fortalecimento das ações afirmativas, que combate as opressões, propõe uma expansão de qualidade e a revitalização do Conselho Comunitário presente no Estatuto. São os únicos com recorte de classe e com uma proposta ideológica condizente com o que deve ser a universidade brasileira, a serviço do povo, da construção de uma direção para a nação ao invés de projetos pessoais de banquetes homéricos e compra de mobílias “arrojadas eticamente” no valor de 470 mil reais para apartamentos funcionais.
É por isso que devemos nos juntar e eleger Jorge Antunes e Maria Lúcia “Baiana” para a reitoria da UnB. Além de competência, seriedade e responsabilidade pensam que a função da universidade não deve ser captar recursos para satisfazer grupos políticos que não mantém pesquisas socialmente referenciadas. A UnB que nós queremos é uma instituição respeitada, digna, que não merece as páginas policiais ou voltar às mãos sujas de quem a fez sangrar. É a chapa da união de estudantes e trabalhadores.
Dias 17 e 18 de setembro, votem chapa 74 – A UnB que nós queremos!
RECUPERANDO A HISTORIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA AMERICA DO SUL
Cordoba, Argentina
50 anos antes de 1968, 90 anos antes de 2008
Postado por Jorge Antunes .
RECUPERANDO A HISTORIA DO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA AMERICA DO SUL
Cordoba, Argentina
50 anos antes de 1968, 90 anos antes de 2008
Postado por Jorge Antunes .
Foto de Salih Güller.
TRANSPARENCIA E DEMOCRACIA
Jorge Antunes
O fim da ditadura militar no Brasil foi seguido de ditaduras civis que implementaram o projeto neoliberal. O sucateamento da universidade e a mercantilização do ensino foram alguns dos resultados das ações governamentais privatistas e pró-imperialistas.
A gradual liberdade de expressão conquistada pela academia, que vinha amordaçada por muito tempo, cegou parcialmente os deslumbrados intelectuais e formadores de opinião: o direito ao voto passou a dar falsa impressão de democracia e os mecanismos de controle deram falsa transparência aos atos dos novos donos do poder.
Foi sempre uma falácia a transparência apregoada pelas administrações da UnB. Ela, na realidade, nunca passou de mera transparência do fato consumado. Esse tipo de transparência é bem conhecido de quem já teve a oportunidade de admirar, em saguões de restaurantes ou clubes, algum belo aquário cheio de peixinhos, pedras, bolhas, tubos, plantas aquáticas, mini-tesouros e naviozinho naufragado. O aquário todo fechado, transparente, permite que nossos olhos observem o peixe grande que ataca, mata e engole um outro pequeno, as pedras mal colocadas que incomodam ou ferem guelras e a oxigenação mal feita causada pelo tubo cuja extremidade não está mais à tona. O vidro do aquário está limpo, a transparência é total, mas o observador nada pode fazer para mudar o cenário, intervir nas relações internas e no contexto do ambiente que está atrás do vidro.
Para o Instituto de Artes foi patético o período de alguns longos anos que antecederam o agosto de 2002, quando foi inaugurado o Complexo das Artes. O shopping, como é conhecido entre estudantes, é um prédio de precaríssimo conforto ambiental: um estudante de Artes Cênicas que ensaia uma fala em uma extremidade do prédio é ouvido por outro que tenta se concentrar numa leitura na outra extremidade a mais de
O final do século XX foi dramático para as direções do Instituto de Artes que, para construirem o novo prédio, viviam tentando passar o chapéu, mendigando doações com o aval da Lei do Mecenato. Apelava-se até mesmo para doações dos próprios professores. Acreditava-se que os pobres coitados teriam imposto a pagar quando, na verdade, todos aguardavam salvadoras restituições. Banqueiros, enfim, financiaram, não sem contrapartida imobiliária, a construção do shopping. O Banco Real entrou no câmpus. Um convênio determinou que a UnB cederia uma área para o Banco Real construir seu posto e utilizá-lo durante cerca de vinte anos: a construção ficará para a UnB a partir de 2025.
O Departamento de Música reivindica seu prédio novo há mais de 19 anos. A planta da nova construção andou alimentando esperanças de mestres e maestros que não viram o sonho realizado. No papel heliográfico alguns colegas, hoje aposentados ou defuntos, já haviam escolhido suas salas. Motivos misteriosos e desconhecidos fizeram com que o autor da planta original a levasse para sua casa, desautorizando seu uso. Para consagrar o surrealismo, a administração não mais se interessou em buscar novo arquiteto para um novo projeto.
O Centro Comunitário Athos Bulcão, que poderia ser chamado de Circo da UnB, é a demonstração inconteste da precariedade da universidade pública brasileira. O mestre dos azulejos e murais merecia dar nome a espaço mais nobre. No Circo da UnB se escancaram as boas intenções que, no desespero da falta de recursos, rumam para o provisório, o anti-ecológico, a falta de ventilação, a acústica ambiente absurda que, com tempo de reverberação da ordem de 10 segundos, não permite qualquer comunicação artística ou verbal em condições inteligíveis e dignas.
Nessa conjuntura nada propícia para as artes, a reitoria, que graças à execrável figura da reeleição passou a ser a mesma que tínhamos no final do século XX, fez com que a transparência do fato consumado desfilasse aos nossos olhos. Os boletins e periódicos publicados pela reitoria nos mostravam como os recursos próprios da UnB, sempre escassos para certas áreas do saber, haviam sido aplicados.
Entre os projetos concluídos, encontramos alguns importantes na área de Odontologia e Farmácia. Vimos contemplados algum laboratório, construídos alguns sanitários, estacionamentos e calçadas. Promessas eram alardeadas para a Geociências, a Física, a Engenharia Mecânica e a Informação. De resto, investimentos se voltavam a garagens, elevadores e prédio novo para o Cespe. Outro para a Fubra. Esteve em andamento, inclusive, a construção de prédio novo para uma Fundação de Apoio.
Outros projetos importantes teimaram sempre em ficar engavetados, não se sabe com que critérios. É perda de tempo fazer com que nossas preocupações se voltem para o cronograma de construções cujos projetos não foram transparentemente discutidos por toda a comunidade. Uma descarada política de balcão fez com que projetos saíssem do papel através de uma relação biunívoca e exclusiva entre a administração e a parte interessada. As partes desinteressadas nunca foram ouvidas.
Aqui entramos na abordagem do tema "democracia". Muitos acham que a Universidade de Brasília chegou a viver uma plena experiência democrática. Numa medrosa e hipócrita avaliação, existe gente que em suas críticas pulam do Azevedismo ao Lauro-Thimotismo, tentando insinuar que de Cristóvam a Todorov houve democracia e lisura. Na verdade, a ilusão e a farsa democráticas foram vividas justamente no tempo em que ainda não existia Ministério Público. Ah, se houvesse! Acham que democracia se resume em liberdade de pensamento e liberdade de expressão. É totalmente equivocada essa convicção. A plena democracia só se fará presente entre nós quando os órgãos colegiados tiverem reais poderes decisórios. A plena democracia estará vigorando somente quando todos os órgãos colegiados contarem com a participação efetiva e representativa dos três segmentos: docente, discente e técnico-administrativo. A plena democracia se implantará somente quando o Conselho Universitário se reunir periodicamente, com pautas em que predominem assuntos relevantes e não as concessões de títulos honoríficos. A plena democracia será realidade apenas quando todos os órgãos colegiados, escolhidos e integrados de modo igualitário pelos três estratos da comunidade universitária, se reunirem periodicamente, contando com o respeito às suas decisões por parte da administração superior.
Postado por Jorge Antunes às
Fotografia de Salih Güller.